Feriado em Buenos Aires

Por Jaqueline Furrier, Colaboração Mel Reis
Fotos de João Carlos de Gênova

Mesmo sendo evidentes os problemas econômicos e financeiros da Argentina, Buenos Aires, para mim, é uma cidade para onde sempre vale uma escapadela. Fica a apenas 2 horas e pouco de São Paulo, é servida por uma infinidade de voos e sempre tem uma novidade. Falando em voo, não deixe de conferir, além das tradicionais TAM, LAN e Gol, os voos da Qatar, Emirates, Turkish, que são diretos a partir de São Paulo, e têm ofertas de preço excelentes!

Como ir:

Como há muitas opções de voos a partir de São Paulo, para aproveitar ao máximo do seu programa, opte por um do final do dia, que chegue a tempo para jantar (eles jantam bem tarde), e marque a volta à noite. Foi o que fizemos: partimos no voo da TAM das 18:30 da quarta-feira e retornamos no domingo às 22:10.

Já estive muitas vezes na cidade, mas desde que comecei a escrever o blog, só tinha passado um dia ou uma noite em algumas conexões e, por isso, não havia escrito nada ainda sobre a cidade, onde neste ano (2015) passei quatro dias no início de junho (feriado de Corpus Christie).

Quanto tempo ficar:

Um feriado de quatro dias é tempo suficiente para se aproveitar a cidade, mesmo para quem a visita pela primeira vez. Como esse não é o meu caso, vou compartilhar o que fiz nesta última estada e também deixar algumas dicas para os marinheiros de primeira viagem.  Todos as dicas e lugares citados neste post estão marcados no mapa abaixo, para facilitar a consulta.

Viajamos eu, meu marido, minha filha de 7 anos, uma ajudante é um casal de amigos que também já conheciam a cidade e o mote foi dar um break no cotidiano e aproveitar para conhecer as muitas delícias gastronômicas da cidade, sem é claro deixar de lado alguns programas culturais e turísticos. Como nunca tinha estado em Colônia do Sacramento, no Uruguai, aproveitamos um dos dias para um day tour por lá, que será tema de um post em agosto.

O câmbio paralelo:

O câmbio paralelo continua em alta, embora tenha tido mais dificuldade em negociar em lojas do que no ano passado, quando estive em Bariloche.  Vale muito a pena levar cash (USD), fazer o câmbio e pagar tudo em pesos. Suas contas, inclusive do hotel, ficarão muito mais em conta, pois a variação do oficial para o paralelo é de 30% (1USD = 12 pesos (paralelo) e 1USD = 9,85 pesos (oficial), na data que lá estivemos. Nós trocamos a 12 numa casa de câmbio na R. Costa Rica, 4737, entre Gurruchaca e Tames (tel +54 11 63803730). Foi recomendada pelo gerente do hotel e não tivemos problema algum nas várias trocas que fizemos.

Onde ficamos

Quem segue o blog sabe que prefiro hotéis pequenos, no estilo boutique, e como Buenos Aires é uma cidade repleta deles quase nunca tenho que optar por um hotel convencional.

A escolha desta vez foi pelo hotel Legado Mitico, que tem uma proposta bem intimista, com apenas 11 quartos e sem qualquer opção de lazer. Não possui restaurante e tampouco room service. O amplo lounge, onde é possível se tomar um drink ou vinho, serve de espaço também para o café da manhã. Há ainda um pequeno terraço no fundo que liga o hotel a uma pequena biblioteca.

Os quartos são espaçosos, decorados com peças antigas, mas o clima é contemporâneo. Cada um deles é devotado a famosos personagens argentinos, como Evita Peron e Carlos Gardel, mas tudo é harmônico e nada over. Gostei bastante.

As três primeiras fotos foram obtidas em: http://www.legadomitico.com/

A localização em Palermo Soho é perfeita para quem quer ficar na região, pois está localizado a uma quadra do bochicho. O café da manhã, servido até às 11h00 é bem gostoso, com boas opções de qualidade. O fato de ficar próximo a vários restaurantes facilitou o jantar da minha filha e ajudante que não nos acompanharam nessa refeição em nenhuma das quatro noites que estivemos na cidade.

Da última vez que estive visitando Buenos Aires também me hospedei em Palermo, no Fierro Hotel, que é bacana, mas de uma categoria um pouco inferior ao Legado Mitico. A vantagem é o excelente restaurante, UCO, e o fato de ter uma pequena piscina, útil no quente verão portenho.

Como as opções são muitas, já tenho uma lista de onde ficar nas próximas viagens, no mesmo bairro ou, talvez, volte a me hospedar na região da Recoleta, pois é notório que a o bairro está recebendo várias opções mais intimistas e contemporâneas. Estão na minha lista: The Glu Hotel e Home Hotel, em Palermo, e Algodon Mansion, Hub Porteño e Mio, na Recoleta.

Restaurantes

Foram quatro jantares e três almoços todos regados com muito vinho. Alguns restaurantes aceitam dólar no câmbio paralelo e outros dão desconto se o pagamento for à vista, pergunte.

Jantares:

Os quatro restaurantes que estivemos servem comida argentina contemporânea, e três deles estão listados entre os melhores da Argentina e dentre os 50 melhores da América Latina, segundo a Revista Restaurant.

A onda do menu degustação invadiu a cidade e todos os jantares acabaram tendo este modelo, o que depois de alguns dias cansa um pouco. Nossa sorte foi que as propostas eram bem diferentes e, então, deu para encarar. Todos oferecem opções variadas de números de pratos (passos) e o preço das refeições em todos foi muito bom, se comparados aos similares brasileiros, diria mesmo em conta.

TeguiFoi minha terceira vez neste restaurante e confesso que me decepcionei um pouco com o 9º colocado na Lista de 2014 dos 50 Melhores da América Latina e 1º do país, pelo segundo ano consecutivo. O chef Gérman Martitegui, que no passado trabalhava também com menu a la carte, agora oferece somente dois menus, de 5 ou 10 passos.

Optamos pelo de 5 passos e estavam todos muito bons, no entanto, menos criativos do que das outras vezes que lá estive. Foi a carta de vinhos mais cara que vi na viagem, mas as opções eram excelentes. Tem que reservar com antecedência para conseguir uma mesa.

Paraje Arevaloé um queridinho dos portenhos e dos críticos locais. Chegamos para jantar numa quarta-feira, às 22:30 e não havia estrangeiros no local. O casal de chefs trabalhou no Fat Duck e a cozinha é inventiva, num ambiente quase espartano.

A casa oferece apenas duas opções de menu (10 ou 8 passos), acompanhados ou não de vinho. Pedimos o mais curto, tudo estava muito bem preparado, mas, confesso que estava cansada para aproveitar devidamente a refeição. Uma pena!

Os mesmos donos têm outro restaurante mais informal chamado Barraco. Não fomos, mas fica a dica.

Tarquino – Fica no térreo do chique Hotel Hub Portenho e suas mesas ficam numa área fechada em volta de uma figueira centenária. O restaurante do chef Dante Liporaci, que trabalhou no Il Buli, ocupa a 18ª posição no ranking dos 50 Melhores da América Latina e, dentre os locais que jantamos, é o que tem a cozinha que mais se aproxima da tradição argentina que conhecemos.

Há um menu em homenagem a vaca, uma sequência de 8 pratos com várias partes do animal preparadas de formas diferentes. As outras opções, são menus de 3 passos escolhidos numa lista ou duas degustações de 4 ou 7 pratos. Todos os pratos estavam impecáveis.

Aramburu – O 14º colocado na Lista de 2014 dos 50 Melhores da América Latina pela revista Restaurant, serviu minha refeição predileta desta viagem. Localizado no bairro Constitución, fora do circuito turístico, tem ambiente pequeno e intimista, serviço jovem, mas atento e comida criativa de primeira. Somente o pairing de vinhos (opcional) deixou um pouco a desejar, pois, diante da excelente qualidade dos vinhos locais, acho que a seleção poderia ser melhor. Vale a pena escolher da lista.

O chef Gonzalo Aramburu, mantém também um segundo endereço no mesmo bairro, Aramburu Bis, onde a proposta é comida de bistrô num ambiente mais informal. Também não fomos, mas está na minha wish list.

Almoços:

Foram três em Buenos Aires e um em Colônia do Sacramento, escolhidos mais pela localização, dependendo dos nossos programas do dia.

La Cabreracomo não dá para ir à Argentina e não comer uma carne, a única churrascaria da lista da Restaurant (22ª posição) foi a escolhida, mas não exatamente pela colocação, mas pela localização. Eu já estive lá algumas vezes, acho muito boa, mas prefiro sem dúvida alguma a La Brigada, em San Telmo. Outra boa opção em Palermo é a Don Julio, com carnes maravilhosas e uma carta de vinhos de dar inveja aos melhores restaurantes da cidade.

Elena –  localizado no Hotel Four Seasons, este restaurante também está na lista dos 50 melhores (48ª posição) e é famoso pelas suas charcuteries e carnes maturadas. Fomos no brunch do domingo, que é servido num buffet muito farto e saboroso. Apesar de eu não ser fã desse tipo de serviço, acho que esse valeu a pena. É essencial reservar.

Como eu já estive na cidade muitas vezes e adoro um bom prato, abaixo segue uma lista de lugares onde estive nas vezes passadas e que valem ser recomendados. Os links são da Time Out (outono/inverno 2015), que eu considero uma boa publicação da cidade. Aliás, uma dica boa é comprar a revista assim que chegar no aeroporto, pois no caminho do hotel já se checa os programas que estão rolando na cidade, assim como as novidades.

Il Ballo del Mattone – foi nossa escolha para o almoço de sábado, também em Palermo, pois o foi o dia que aproveitamos o bairro, no período da tarde, para fazer umas comprinhas. O restaurante é frequentado por muitos locais descolados (quando estivemos não tinha nenhum turista) e é famoso pela decoração kitsch e pelas massas simples. Comemos bem, mas as massas tinham passado um pouco do ponto. As entradas estavam ótimas.

Gran Bar Danzon: localizado na Recoleta, fica aberto até muito tarde. É uma ótima dica para juntar balada e boa comida e abre domingo à noite.

Restófica localizado no térreo da Sociedade do Arquitetos, também na Recoleta. Oferece ótima opção de almoço, mas sem reserva é impossível. Só abre as quintas e sextas para o jantar, quando é servido um menu degustação excelente (somente com reservas).

Brasserie Petanque: simpático local para almoço em San Telmo.

Casa Cruz: localizado em Palermo, outro local para conjugar balada e restaurante.

Olsen: um queridinho dos locais e turistas há anos. Serve comida escandinava e tem um brunch concorrido em Palermo.

Sucre: fica em Belgrano (meio fora de mão), mas é um must da cidade. Já fui várias vezes e nunca me dei mal. Comida boa e gente bonita.

O que fizemos

Como conhecemos bem a cidade e um dia fomos para Colônia não sobrou muito tempo durante os dias. Numa das noites fomos  ao Teatro Maipo assistir à peça Escenas de La Vida Conjugal, com os astros Ricardo Darin e Érica Rivas, que é muito boa.

Para escrever este post, vi que não está mais em cartas, mas que voltará a ser encenada no Teatro del Canal de 21.10.15 a 15.11.15. Para tickets cheque o site.

Museu de Arte Moderna (MAMba): localizado em Palermo numa antiga fábrica de cigarros, a uma quadra da feirinha.

Tem coleção própria e exposições temporárias interessantes. Mesmo para quem não gosta muito de museus, vale a visita pelo prédio restaurado e modernizado em 2010 para receber o museu. Fica ao lado do Museu de Arte Contemporânea (MACBA) – Inaugurado no final de 2012.

Feira de San Telmo: mesmo muito turística, sempre acabo dando uma passada se estiver na cidade num domingo. Desta vez fui para que minha filha visse uma apresentação de tango. Tem uma apresentação bem simpática num dos cantos da praça, para aqueles que, como eu, não veem graça naquelas apresentações turísticas das casas caras, com comida ruim.

Museu Malba: sempre imperdível com sua excelente coleção de obras de artistas latino americanos. Tem exposições temporárias interessantes, mas as que vimos já saíram de cartaz.

Playground da Plaza Palermo Viejo – minha filha se divertiu nos brinquedos.

Jardim Botânicofui correr, mas vale um passeio com calma. Foi restaurado e achei tudo bem cuidado.

Compras:

Quem nos segue, também já sabe que não sou ligada em compras e que lojas não são nem de longe um ponto alto de qualquer viagem, mas dessa vez Buenos Aires me surpreendeu com alguns artigos especiais como as bolsas de couro e estolas de pele da Humawaca e o artesanato chique e criativo Elementos Argentinos

Todas essas lojas ficam em Palermo e vale ser checadas se estiver procurando algo original, de bom gosto e com qualidade. Para um roteiro completo de Palermo, trazemos abaixo um mapa que é oferecido em diversos locais do bairro.

Outra compra imperdível na cidade são os vinhos. Eu gosto mais da loja Winery (vários endereços na cidade), mas a Grand Cru também é muito boa. Dessa vez, também encontrei coisas legais de pequenos produtores na Malambo e na Lo de Joaquin Alberdi.

Não se esqueça de pedir desconto, principalmente se pagar à vista e também o comprovante para o reembolso do VAT. Para ajudar na escolha dos vinhos, trazemos abaixo uma lista com 50 vinhos provados em 2014, que receberam mais de 91 pontos por aclamadas fontes: Robert Parker ou Wine Spectator.

Para mais informações sobre vinhos, inclusive os best buy cheque http://www.bapurpura.com/hot50.php 

Outros programas:

Para quem não conhece, acho essencial fazer um citytour para se ter uma ideia geral da cidade e visitar partes que talvez não tenha interesse em retornar numa próxima ida à cidade, tais como a Casa Rosada, Catedral, La Boca etc….

Uma maneira diferente e divertida de se fazer um citytour é de bicicleta. Há ciclovias por toda parte e como a cidade é plana cabe no condicionamento físico da maioria das pessoas. Cheque www.bikingbuenosaires.com

Acho a região central, próximo da rua Florida, bem decadente e nas últimas vezes que estive na cidade sequer passei por perto. Para quem não quiser deixar de lado essa rua comercial, não deixe de visitar as Galerias Pacífico, que ficam num prédio histórico bem bonito.

Abaixo seguem algumas coisas que sempre acho que vale repetir quando estou na cidade:

Café Tortoni: para um café ou um vinho, mesmo turístico é lindo.

Teatro Colón: se não se animar em comprar um ticket para um espetáculo (ópera, ballet ou música clássica), sempre bons, tem visita guiada bem interessante, para se conhecer o interior e o back stage.

Livraria Ateneo: vale a visita, mesmo que não esteja procurando livros. Fica instalada num antigo teatro e vive lotada de locais e turistas.

Recoleta: passear pelas suas ruas, apreciar seus prédios e sentar num de seus old fahion cafés em frente ao cemitério, que são todos um pouco decadente, mas faz parte.

Jardim Zoológicofica na área central e é uma mão na roda se estiver com crianças. Na última vez que lá estive, há 3 anos, achei os animais meio cambaleados, mas as crianças nem sempre percebem e as construções são bem bonitas.

Parque Palermo: uma delícia para passear. Não deixe de visitar o jardim japonês e o rosedal. Bom lugar para pedalar, mesmo com crianças.

By | 2016-09-30T12:17:53+00:00 julho 26th, 2015|Am. do Sul, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai|Comentários desativados em Feriado em Buenos Aires

About the Author:

%d blogueiros gostam disto: