Feriado na África do Sul

Por Jaqueline Furrier – Colaboração Mel Reis

Não consigo pensar num presente melhor para quem gosta de viajar do que uma viagem, então, voltar à África do Sul, com voo e hotel pagos como prêmio de um sorteio, foi uma delícia.

Eu que nunca havia sido sorteada, não acreditei quando meu nome foi anunciado como a ganhadora da viagem que a Teresa Perez oferecia para os que compareceram num encontro para promover viagens à África do Sul, ocorrido em abril de 2015.

Eu nem sou cliente da agência, mas como tinha à época acabado de voltar do continente africano (ver posts), interessei-me em saber o que eles ofereciam sobre a África do Sul e lá fui. Bingo!

Férias em família na África do Sul: Cidade do Cabo
Férias em família na África do Sul: Zimbábue
Férias em família na África do Sul: safári no Sabi Sabi
As belas vinícolas da África do Sul

O prêmio era duas noites no Sabi Sabi Bush Lodge e duas noites no hotel Babylonstoren, em Paarl, para duas pessoas, além de duas passagens de classe econômica pela South African Airways. Eu bem que tentei ver uma data para que pudesse aproveitar mais dias, mas como o prêmio valia por um ano e meu calendário de viagens estava comprometido só consegui mesmo viajar por quatro noites na Semana Santa de 2016. Foi bem corrido, mas deu para aproveitar.

Acabei pagando um adicional pequeno para levar minha filha de 7 anos conosco.

Sobre a South Africa Airways:

A South African Airways tem voos diários para Joanesburgo, que saem às 17:30, e às quartas e quintas-feiras, um segundo voo, que sai às 23:35 (informações de março de 2015).

Embora as passagens sorteadas fossem de classe econômica, descobri que a essa cia aérea disponibiliza no site um leilão para upgrade. Fiz o lance e consegui viajar na ida na classe executiva pagando USD 710 por trecho por pessoa. Achei uma pechincha tendo em vista que o preço normal do trecho é por volta USD 2,500. Embora tenha feito um lance de USD 735 para a volta, não consegui o upgrade.

Como funciona? Entra-se no site em “upgrade e após preencher o código da reserva e o localizador, aparece um “relógio”, que marca o lance, que no caso dos voos SP/Johannesburgo tinha mínimo de USD 700 e máximo (USD….). Embora o site diga que o lance mínimo dá poucas chances de se conseguir o upgrade, lembrei-me de que quando viajei no final de 2014 a classe executiva estava bem vazia e, então, dei apenas USD 10 além do lance mínimo e consegui que minha oferta fosse aceita na ida.

Feito o lance, aguarda-se até a véspera do voo quando a cia aérea envia um e-mail com a confirmação que o upgrade foi concedido e o cartão de crédito foi debitado. Na véspera também se recebe um e-mail caso seu lance não tenha sido aceito. Acho que poucos sabem dessa possibilidade, pois no voo de ida, em véspera de feriado, havia ao menos 12 lugares vazios na executiva do total de 32. O voo da volta para o Brasil estava lotado em todas as classes e deve ser por isso que meu lance não foi aceito.

O avião da volta era mais novo do que o da ida e as cadeiras da classe executiva reclinam 180 graus. As cadeiras da econômica são apertadas e as refeições em ambas as classes bem ruins. O serviço de entretenimento também é pobre em ambas as classes e, no retorno, a TV da classe econômica não funcionou para metade do voo, apesar te terem recarregado o sistema por duas vezes. Um perrengue daqueles para um voo de 10 horas.

O serviço, no entanto, é simpático e sem dúvidas é o melhor voo disponível do Brasil para o continente africano.

Os voos da ida são sempre noturnos, mas se não gostar de voos diurnos, opte por retornar ao Brasil às terças e quartas, pois apenas nesses dias há opções de voos que saem de Joanesburgo às 22h10.

O roteiro:

Embora muitas agências insistam que se deva ficar uma noite em Joanesburgo não vejo necessidade e, assim, como tínhamos poucos dias, a agência sugeriu o roteiro a seguir e se ocupou das reservas além dos prêmios (voos internos e traslados na região vinícola). Embora raramente use agências para programar minhas viagens, reconheço que podem ser de grande ajuda. Para roteiros na África do Sul a agência Teresa Perez tem uma excelente expertise. Recomendo.

Acho que para um roteiro ideal, o mínimo de estadia seria de 7 dias. Entre 10 e 12 é o ideal. Prefiro ficar nos lugares do que fazer bate-volta. Assim, eu indicaria o seguinte para uma viagem de uma semana a 10 dias: 3 a 4 noites na Cidade do Cabo, 2 a 3 noites na região vinícola e 2 a 3 noites de safari. Uma parada na volta em Johanesburgo para não ter que acorda muito cedo no dia de vir embora, pode ser interessante (aproveite neste caso para visitar Soeto). Se tiver mais dias, veja um programa pela Rota Jardim, que não conheço, mas dizem ser muito bonita.

Chegamos em Joanesburgo às 7h20min de uma quinta-feira e às 10h50min pegamos o voo da Airlink para Skukusa, dentro do Kruger Park. A Airlink é uma cia regional ligada à South African Airways que conecta várias cidades a pequenos aeroportos.

O aeroporto de Skukusa é bem mais próximo dos lodges do Sabi Sands e do Kruger Park do que o aeroporto de Nelspruit, por onde cheguei na última viagem para essa reserva. Mais detalhes sobre o Sabi Sands, veja nosso post.

Há dois voos diários, de Oh45min, de Joanesburgo para Skukusa (ida às 10:50 e 13:20, volta 13:30 e 14:50) e um de 2h30min de Cape Town (ida às 10:35 e volta às 11:20). Informações de março de 2015.

Chegamos em Skukusa às 11h40 e lá nos esperava o carro do Sabi Sabi Bush Lodge.  O percurso até o lodge é de 0h40 min apenas e já se vê alguns animais no caminho.

Ficamos duas noites no lodge e no sábado às 11h20min pegamos o voo para Cape Town, onde um carro nos esperava no aeroporto para nos levarmos para o Hotel Babylonstoren. Lá ficamos duas noites e na segunda às 5h30min um motorista nos levou de volta a Cape Town para pegarmos o voo para Johannesburgo e de lá de volta para o Brasil.

Sobre o Lodge:

O Sabi Sabi é uma reserva privada, que tem quatro diferentes lodges Selati Camp; Bush Lodge; Little Bush Lodge e Earth Lodge) dentro da Reserva do Sabi Sands, que por seu turno é praticamente uma extensão do Kruger Park.

Não há cercas entre o parque e a reserva e os animais circulam livremente. Enquanto o Kruger é aberto a todos (carros particulares podem rodar por lá) no Sabi Sands só pode circular quem estiver hospedado em um de seus lodges e assim mesmo com os carros deles.

Nós ficamos no Sabi Sabi Bush Lodge, que, dos quatro lodges, me parece ser o menos sofisticado e mais voltado a família e grupos. São 25 suites, incluindo 2 vilas e uma suíte presidencial. Os quartos são muito confortáveis e há duas piscinas, vários ambientes de convivência, além do restaurante. O SPA oferece boas terapias e preços ótimos.

Voltado para as crianças Elefun Centre oferece várias atividades para os pequenos.

Embora, menos luxuoso do que muitas ofertas de lodges por toda a África, sinceramente acho que não se precisa de mais do que oferecem, principalmente se estiver viajando em família. Diferentemente de muitos outros, aceitam quartos triplos, pode-se contratar babá, mas igualmente aos melhores, o serviço é impecável.

A programação oferecida parece ser a mesma em todos os lugares. Esta foi minha 7ª estadia em lodges no continente africano e em nada foi diferente das demais. Acordam os hóspedes às 5:00 da manhã e uma mesa com alguns snacks de café da manhã (basicamente cookies, croissant, café, chá e sucos) fica à disposição para não se sair de barriga vazia. A expectativa é que os hóspedes deixem o lodge por volta das 5h30min para um safari de 3 horas. Na volta é que o café da manhã é de fato servido.

O almoço é servido das 13:30 às 15:00 e o jantar às 20:00, após o retorno do safári da tarde, que sai às 16:30 e retorna às 19:30.

Entre os safáris há tempo suficiente para aproveitar a piscina, fazer massagem, relaxar no quarto ou atividades extras como walking safari ou visita a uma comunidade.

No Bush Lodge todas as refeições são servidas num sistema de buffet, o que não me agrada e foi o que achei menos legal, comparando com minhas experiências anteriores. De qualquer modo a comida é de boa qualidade. Gostei principalmente das saladas e das carnes servidas no jantar.

Quanto aos animais, o tracker e o ranger fazem de tudo para que se possa ver o maior número possível de espécies. Fizemos quatro saídas: uma na tarde que chegamos, a da manhã e da tarde do dia seguinte e, ainda, na manhã do dia da saída. Nós conseguimos ver quase todos os animais, no entanto, não em grandes quantidades.

A segunda parte da viagem foi ainda mais curta do que a do safári, mas nem por isso menos agradável. No post que havia escrito anteriormente sobre a região vinícola da África do Sul, já havia colocado quão surpreendente é a região. Esta nova estada só confirmou as minhas impressões.

O Babylonstoren é mais do que um hotel. Na verdade, é uma fazenda centenária, datada de 1692, que além de muito bem preservada é produtiva. Oferece hospedagem de primeira categoria, restaurante onde a reserva é quase impossível (Babel), outro para almoço leve delicioso (Greenhouse), uma sala de prova de vinhos de cair o queixo, um empório que vende produtos colhidos e produzidos no local, incluindo vinho e azeite, workshops diversos, lugar para piquenique etc…

Se não for se hospedar, recomendo que passe o dia ou parte dele por lá. Não deixe de visitar o jardim/pomar, que é incrível.

Para todos, hóspedes e não hóspedes, é possível fazer gratuitamente uma visita guiada pelo jardim, às 10:00.

As visitas à vinícola e a produção de azeite acontecem de hora em hora, das 11:00 às 15:00 e, embora os vinhos sejam apenas razoáveis, as instalações são lindas.

Para os que estão hospedados no hotel há diversas atividades incluídas na diária: 6 trilhas, bicicletas e canoa.

Para outras atividades, abertas a hóspedes e não hóspedes, como workshops e visitas pela vinícola é necessário fazer reserva e todos pagam.

Há também um empório onde é possível comprar vários produtos produzido por lá.

A diária inclui o café da manhã, que é delicioso e muito bem apresentado.

Restaurantes:

Babel: o concorrido restaurante do hotel Babylonstoren abre para almoço de quarta a domingo e para café da manhã e jantar todos os dias. Se não estiver hospedado, reservar com muita antecedência é fundamental. Falam em 2 meses.

Nós jantamos no domingo e tudo estava uma delícia. A comida é na onda “farm to table”, com ingredientes fresquíssimos produzidos lá mesmo. Tudo muito bem apresentado e, o melhor, com preço excelente. Uma refeição para três pessoas, com duas entradas, três pratos principais, uma sobremesa e café e serviço custou por volta de USD 70. Os vinhos variam, mas o mais caro custa menos de USD 50.

Greenhouse: outro restaurante do Babylonstoren que ao contrário do Babel não aceita reservas. Abre todos os dias das 10:00 às 16:00 e basicamente serve sanduíches, sopa e saladas. É uma ótima para quem quer algo mais simples numa refeição ou para quem quer dar uma parada para um café com ou sem um doce em qualquer horário do dia.

Nós almoçamos lá no sábado, após chegarmos do safári e gostei muito.

Wine Tasting Room: embora não conste no site do Babylonstoren como um lugar para refeições (pelo menos não achei), também é uma opção para uma refeição mais frugal, pois além das provas de vinhos há algumas opções de pratos de frios, queijos e vegetais para acompanhar. O lugar é lindo e vale a visita, mesmo que não faça a visitação da vinícola.

The Werf Restaurant: Jantamos na noite de sábado neste restaurante situado na Vinícola Boschendal. Na mesma proposta “farm to table”, tem a sua frente o chef Christian Campbell, que até pouco tempo comandava ambas as cozinhas da prestigiada vinícola Delaire Graff Estate. Além de a comida estar excelente, também com ótimo preço, eu adorei o serviço. Tive um acidente no jardim e fizeram de tudo para me ajudar para que eu conseguisse aproveitar a noite.

Monneaux Restaurant:  foi onde acabamos por fazer um almoço leve no domingo de Páscoa, por total falta de opção. Apesar de algumas boas avaliações, achei apenas razoável. Pode ser por conta do menu que, às 15h00, já era reduzido.

O fato é que como a região oferece inúmeras opções legais, não reservei com a antecedência devida e tive que arriscar em um dos poucos lugares que fica aberto o dia todo. Liguei para mais de 20 restaurante e não foi possível conseguir reservar para nenhum deles para o almoço de Páscoa. Eu deveria saber, pois na outra vez que estive na região foi no Natal e fui orientada pelo hotel quando fiz a reserva que reservasse as refeições.

Sugiro que não deixe de se informar antes sobre os lugares e horários (abrem mais para almoço do que jantar e não vão até muito tarde) e reserve.

A região é linda e tem muito a oferecer e acho que os visitantes da África do Sul perdem se apenas passarem um dia na região. Mesmo para quem não tem muito interesse em vinhos vale a pena ir para se hospedar no muitos dos seus hotéis incríveis e se refastelar com ótimas opções culinárias. Não perde em nada para as melhores regiões da Europa no quesito campo e não temos nem uma região equivalente em opções aqui no Brasil.

Para detalhes sobre outros restaurantes que experimentei, veja o post anterior. Este link da Eat Out traz todos eles e muito mais. http://www.eatout.co.za/article/best-restaurants-winelands-eat-2015/

By | 2016-09-25T09:00:02+00:00 abril 1st, 2016|África|0 Comments

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